Se tem algo que me deixa chateado é saber que o princípio que diz que “todo corpo mergulhado total ou parcialmente em um fluido sofre uma impulsão vertical, dirigido de baixo para cima, igual ao peso do volume do fluido deslocado, e aplicado no centro de impulsão” é muitíssimo menos conhecido do que as palavras que proferi depois de o ter formulado. Einstein enfrentou problema semelhante com a sua teoria da relatividade. Todos se lembram dele pela língua de fora, mas poucos sabem do que se trata a sua fundamental teoria. Na ocasião de meu grande insight, saí pelado correndo pela rua, dizendo “eureka, eureka” (que significa “encontrei, encontrei” em grego). Alguns vizinhos pensaram que eu havia achado aquilo, mas eu não estava tão gordo assim para tê-lo perdido). Bastou que eu as repetisse uma dúzia de vezes, para que essas palavras virassem meu bordão. Nunca mais consegui me livrar delas. Chegava a uma festinha e, antes mesmo de me saudar, as pessoas já diziam: “eureka, eureka”. Ia ao teatro, e as pessoas como bovinos repetiam: “eureka, eureka”. E ninguém falava de meu princípio. Como se o anúncio de minha descoberta fosse mais importante do que a própria. Entendam: quando o princípio se consolidou em minha cabeça, eu estava na banheira relaxado (era meu dia de home office) e nem reparei no que disse. O que me incomoda é que essa fixação em “eureka” é fruto de uma verbalização aleatória. Eu poderia ter dito milhares de outras coisas.
Como sou chegado a um estudo, fiz até um pequeno exercício, pensando em outras possibilidades de palavras que poderiam ter sido ditas depois de minha formulação, dependendo do lugar e da circunstância em que me encontrasse, numa tentativa de mostrar como um hit às vezes nasce de uma mera causalidade.
Na sinagoga, Rebeca, Rebeca.
Na Bahia, moqueca, moqueca.
Atrás de uma loira, sueca, sueca.
Numa coffee shop de Amsterdã, panqueca, panqueca.
Durante um resfriado, meleca, meleca.
Na praia, peteca, peteca.
Na USP, Eca, Eca.
Olhando o contracheque, merreca, merreca.
No Posto 9, marreca, marreca.
Na autoescola, breca, breca.
Nos anos 70, discoteca, discoteca.
No motel, peca, peca.
No mar, alforreca, alforreca.
No México, asteca, asteca.
Nos anos 80, videoteca, videoteca.
Em San Francisco, boneca, boneca.
Depois do almoço, soneca, soneca.
Perto de uma índia, guatemalteca, guatemalteca.
Recebendo o kindle, biblioteca, biblioteca.
No final do mês, hipoteca, hipoteca.
Sem outra alternativa, loteca, loteca.
Papo cabeça, cinemateca, cinemateca.
No MSN, tecla, tecla.
Na copa de 90, Careca, Careca.
Na vizinha, perereca, perereca.
Na formatura, beca, beca.
Na Uniban, cueca, cueca.
Como sou chegado a um estudo, fiz até um pequeno exercício, pensando em outras possibilidades de palavras que poderiam ter sido ditas depois de minha formulação, dependendo do lugar e da circunstância em que me encontrasse, numa tentativa de mostrar como um hit às vezes nasce de uma mera causalidade.
Na sinagoga, Rebeca, Rebeca.
Na Bahia, moqueca, moqueca.
Atrás de uma loira, sueca, sueca.
Numa coffee shop de Amsterdã, panqueca, panqueca.
Durante um resfriado, meleca, meleca.
Na praia, peteca, peteca.
Na USP, Eca, Eca.
Olhando o contracheque, merreca, merreca.
No Posto 9, marreca, marreca.
Na autoescola, breca, breca.
Nos anos 70, discoteca, discoteca.
No motel, peca, peca.
No mar, alforreca, alforreca.
No México, asteca, asteca.
Nos anos 80, videoteca, videoteca.
Em San Francisco, boneca, boneca.
Depois do almoço, soneca, soneca.
Perto de uma índia, guatemalteca, guatemalteca.
Recebendo o kindle, biblioteca, biblioteca.
No final do mês, hipoteca, hipoteca.
Sem outra alternativa, loteca, loteca.
Papo cabeça, cinemateca, cinemateca.
No MSN, tecla, tecla.
Na copa de 90, Careca, Careca.
Na vizinha, perereca, perereca.
Na formatura, beca, beca.
Na Uniban, cueca, cueca.